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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Morte no Paganismo Nórdico



Morte nos tempos antigos dos nórdicos era associada com variáveis costumes e crenças. Não há só maneiras diferentes de realizar um funeral viking, mas também há várias noções de alma e para onde vão os mortos em sua pós-vida, como Valhalla, Fólkvangr, Hel e Helgafjell.

A alma.

Há pelo menos duas interpretações correntes conhecidas de alma pelos contos das antigas crenças nórdicas. O ultimo suspiro que uma pessoa dá era entendido como a evaporação do princípio da vida em uma fonte de vida que era primitiva e comum, e que estava no mundo dos deuses, natureza e no universo. Há também uma “alma livre” ou “alma onírica” que poderia somente deixar o corpo durante momentos de inconsciência, êxtase, transe e sono. A alma consciente compreendia tanto as emoções quanto a vontade e estava localizada no corpo e só podia ser liberada quando o corpo era destruído através de decomposição ou imolação. Quando o corpo jazia, a alma consciente poderia começar sua jornada para o reino dos mortos, possivelmente usando a alma livre como intermediária.


Funeral.


Os objetos funerários tinham o mesmo tratamento que o corpo, para poder acompanhar a pessoa morta em sua pós-vida. Se uma pessoa era imolada, então seus pertences funerários deveriam ser também, e se o falecido fosse enterrado, seus objetos seriam enterrados com ele também. O local de enterro de usual para um Thrall não era provavelmente maior que um buraco no chão. Ele era provavelmente cremado de uma forma a garantir que tanto ele não retornasse para assombrar seus mestres como que ele pudesse ser usado por seus mestres depois que eles morressem. Escravos as vezes eram sacrificados para serem úteis no pós-vida. A um homem livre eram dados usualmente armas e equipamentos para cavalgar. Um artesão, como um ferreiro, poderia receber seu conjunto de ferramentas. Mulheres eram providas com suas jóias muitas vezes com os objetos para suas atividades tanto domésticas quanto pessoais. O mais suntuoso funeral Viking descoberto é o navio-jazigo Oseberg, que era de uma mulher obviamente de elevado status social, que viveu no século IX.

Era comum queimar corpos e as oferendas mortuárias numa pira, que a temperatura alcançava 1400 °C; muito acima do atingido pelos dos modernos fornos crematórios. Tudo que permanecia eram alguns fragmentos de metal e alguns ossos humanos ou animais. A pira era construída de uma forma que o pilar de fumaça pudesse ser o mais massiço possível para garantir a elevação do falecido para a pós-vida.

No século VII um dia após a morte da pessoa, era celebrado o sjaund, ou brinde funeral, pois envolvia beber ritualisticamente. O brinde funeral era uma forma de demarcação social da questão da morte. Somente após o brinde funeral que seus herdeiros poderiam legalmente clamar a sua herança. Se o falecido fosse a viúva ou o chefe do lar, o legítimo herdeiro poderia assumir o trono e assim marcar sua mudança como autoridade.


Culto aos antepassados.

Um túmulo é muitas vezes descrito como moradia dos mortos, e era também o local do culto aos antepassados. A tradição de colocar comida e cerveja no túmulo sobreviveu nos tempos atuais, em algumas partes da Escandinávia. Esta tradição é uma lembrança do culto aos antepassados que era comum durante o início da cultura nórdica. Se os mortos eram bem cuidados, eles poderiam retornar para proteger o lar e seu povo, provendo a eles fertilidade.


Pós-morte

Os cultos aos ancestrais na Escandinávia antiga parecem contradizer outra idéia, que o falecido partia em uma viagem para o reino dos mortos, um reino que poderia estar situado dentro de uma montanha, no outro lado do mar, nos céus ou no submundo. Não há uma lógica conectando esses dois complexos de idéias, e os estudiosos não têm nenhuma resposta para se o morto permanecia no túmulo por um tempo e depois partia para o mundo dos mortos, que era onde seu espólio estava, ou se o navio transportava o falecido para o reino dos mortos.



Helgafjell

Helgafjell, “a montanha sagrada” era uma idéia de vida após a morte que aparecia nas fontes nórdicas do oeste. Esta montanha poderia ser uma formação montanhosa na vizinhança, e era tão sagrada que as pessoas não poderiam olhar em sua direção sem antes lavar o rosto. Na montanha sagrada, os integrantes dos clãs nórdicos levavam uma vida semelhante a que eles haviam tido vivido no mundo mortal. Alguns médiuns podiam olhar para a montanha e o que viam não era assustador, mas era um cenário com uma fogueira quente, onde bebiam e conversavam.


Hel

Essa concepção está em contraste gritante com reino de Hel, a sombria morada subterrânea governada por seu homônimo azul e preto a gigante Hel. O reino de punição era uma praia feita de cadáveres chamada Náströnd dentro de Hel. Seu mundo é separado do dos vivos por uma corredeira denominada Gjöll (retumbante), através do qual está Gjallarbrú uma ponte sobre o rio, por qual os mortos devem passar. Os portões são pesados, e fechando atrás daqueles que passam para nunca mais retornarem. Hel é o destino final para aqueles que não morrem em batalha, mas por idade ou doença. Não há razão para supor que as idéias de Hel são coloridas por influências cristãs que ensinava que havia um reino de punição que se opunha ao paraíso. A palavra Helviti, que ainda é o nome do Inferno no escandinavo moderno, significa “punição de Hel”. Não é certo que a noção pagã de Hel-Inferno era tão escura e sombria para os pagãos escandinavos. No Baldrs draumar, nós lemos que Hel tinha decorado uma generosa mesa quando ela esperava por Baldr para adentrar em seu salão. Ainda, é provável que não era um destino atrativo, como as sagas contam de guerreiros que cortavam a si mesmos com lanças antes de morrer a fim de enganar Hel para pensar que haviam morrido de forma heróica em batalhas.



Valhalla



Valhalla
era o destino de metade daqueles que morriam em batalha recolhidos como einherjar, uma comitiva reunida com um único propósito: manter-se apta para a batalha, em preparação para a última grande batalha; Ragnarök. Em oposição ao reino de Hel, que era um reino subterrâneo dos mortos, parece que Valhalla estava localizado em algum lugar nos céus. O reino de Odin era principalmente uma morada para os homens, e as mulheres que viviam lá eram as valquírias que pegavam os guerreiros caídos no campo de batalha e traziam-nos para o salão de Odin onde elas davam hidromel a eles. Há pouca informação para onde as mulheres iam, mas ambos Helgafjell e o reino de Hel deviam ser abertos a mulheres e os generosos presentes dados as mulheres mortas poderia demonstrar que eles entendiam haver uma vida após a morte para as mulheres também.



Fólkvangr

Fólkvangr é um campo pós-morte sob o domínio da deusa Freyja, que escolhia metade daqueles que morriam em batalha para morar com ela lá. De acordo com o poema da Poetic Edda, Grímnismál:


Fólkvangr é o nono, lá Freyja comanda
As audiências no salão.
Ela escolhe a metade dos mortos cada dia,
Mas Odin tem a outra metade.


Morte e ritos sexuais

Em fontes primitivas existe um complexo adicional de crenças que está conectado com a vida após a morte: A morte poderia ser descrita como um abraço erótico entre o homem morto e a dama que representa a sua vida. Esta dama era sempre Hel, mas também poderia ser Rán que recebia os que morriam no mar. As nove filhas de Rán são descritas como parceiras eróticas na morte. Há uma boa razão para acreditar que esses elementos eróticos não são só lucidez de Skalds, mas autenticas noções pagãs. No poema do século IX Ynglingatal, há várias estrofes onde os reis são ditos estarem “no abraço de Hel”. Várias sagas e poemas de Skalds descrevem mortes em batalha ou no mar com terminologia erótica. Os Skalds louvavam os bravos guerreiros do mar que lutavam em vão contra as forças da natureza, mas finalmente tinham que dar a torcer, e finalmente se deitavam na cama de Rán ou eram abraçados pelas suas nove filhas.


Várias imagens de pedra de Gotland mostram cenas que aludem a morte e erotismo, e as pedras são falos cerimoniais de dois a três metros de altura em memória dos mortos. As pedras têm sua superfície ricamente decoradas e elas têm um tema na sua parte superior: Uma cena de boas vindas ao reino dos mortos entre um homem e uma mulher. A mulher oferece um chifre de libação ao homem que chega montado no Slepinir. O que torna isto possível conectar as imagens para as fontes literárias, entre outras coisas é a forma do homem. Ele tem uma forma fálica. A cena pode descrever o falecido que está se unindo a Hel ou Rán. É principalmente reis e chefes que são retratadas com uma morte erótica, mas também a morte de um herói pode ser retratada da mesma forma.


No conto do testemunho de Ibn Fadlan do funeral viking, há a descrição de uma mulher escrava que seria sacrificada e que teve que passar por vários ritos sexuais. Quando o líder foi posto no barco, ela passou de barraca em barraca onde visitou guerreiros e comerciantes. Cada homem lhe dizia que eles fizeram o que fizeram por seu amor ao chefe morto. Finalmente, ela entrava em uma tenda que havia sido levantada no navio, e nela seis homens tinham relação sexual com ela antes que ela fosse estrangulada e apunhalada. Os ritos sexuais com a escrava mostravam que ela era considerada um receptáculo para transmitir a força do chefe morto.


A conexão entre morte e erotismo é provavelmente antiga na Escandinávia, e para atestar isso numerosas “pedras brancas”, grandes pedra fálicas foram erguidas sobre os túmulos. A tradição remonta ao século V, e no total 40 dessas pedras foram descobertas, e a maioria na costa sudoeste da Noruega. É possível que a morte requeresse uma porção extra de fertilidade e erotismo, mas também que os vivos recebiam força dos mortos. O pensamento pode ser de que a vida e a morte têm a mesma origem, e se uma pessoa morria, a fertilidade e a vida futura do clã seriam garantidas.




Original com referencias e notas em inglês traduzido por Heiðinn Hjarta:


http://en.wikipedia.org/wiki/Death_in_Norse_paganism

Um comentário:

  1. Uau, aprendi bastante com isso. A questão da comida e bebida no tumulo eu não sabia o significado, mas agora faz sentido.

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